15 de dez. de 2010

Beijo. Beijo que arde em total silêncio.
Astuto, sedento beijo.
Flagrante silêncio.
É nú, o suor da minha alma em tua boca
nesse momento de glória, mulher.
E até que se rasgue o véu do infinito
Na dança louca que se perde entre nós - a sós,
Serás para sempre meu último desejo.
E tua pele o meu fim.

24 de out. de 2010

Fazendo efeito

 Estraguei o perdão. Explodi o muro. Vou tentar me recompor. Com versos duros de amor firme sobre a cama. Claro que andei errando. Andei rápido de mais. Com tonteiras, com teorias, com muito respeito guardado. Um trabalhador à deriva, manco e estridente, era eu. sóbrio sonhando na hora do almoço corrido, como só o vento é capaz de sonhar, e sentir, e tossir. O vento, meus amigos, faz qualquer coisa, seu repertório é imenso: ginga, poli, rasga, quica; seu rosto é eterno. Não me canso de pedir perdão. Perdão. Perdão. Eu não dormi atoa. Tão pouco observei o mar, vi a lua... A jóia fere, eu sei. Rasga a pele. O sol transfere a noção. Pela direita, sempre. Sua irradiação é perfeita, e estamos a sua mercê. Ela manda e desmanda. Ela detém o controle absoluto da esfera. Mas, sua semântica, ninguém entende. Ninguém “saca’' nada. Pudera. Não temos faro pra coisa... Somos apenas um animal. Aliás, o único que pensa que não é animal. Talvez pela habilidade divina de comprovar residência. De informar as horas. Se eu me percebesse animal, se vivesse como tal escreveria melhor e mais, certamente. Mas essa, parece, não ser mesmo a nossa vocação. Ai de nós! Porem, com tudo, afirma-se o que der na telha. Eu, por exemplo, afirmo com toda certeza existente que os passarinhos voam porque cantam, e são amantes perfeitos e dedicados e belos porque voam; mas também porque trabalham intensamente, doa a quem doer. Perdoe-nos Senhor, o estilingue é irresistível pra nós. Errei. Errei, profundamente. E hoje, com um olhar robusto e míope, critico a miséria de um fim sem mundo de quem quase amou seu papel sem medo, de modo agressivo e sensual, estupidamente grato. Estraguei mesmo, tudo. Perdi tudo, mesmo. Rasguei as idéias. Minhas questões, minhas inércias foram gentilmente escorrendo ralo abaixo sem incomodar os vizinhos. Explodi o muro, de fato. E o mistério, então, trocou de semblante no esvaziar de sua mente que antes fora minha amiga. Agora tenho que arcar com as consequências. Bem, agora não. Amanhã. Amanhã!

13 de ago. de 2010

COOL

O mundo? O mundo é legal. A vida tambem, ora essa.
A pressa, nao. Pra isto, parece não haver remédio!
Talves seja inveja. Talvez seja nó, pó, pá, pés
Talvez cerveja, lábios, têmporas (eu disse talvez)
que fazem a chuva cair exatamente no mesmo lugar
É... o vento sopra. A chuva cai. Cai, e cai de cabeça.
E seguem, adormecendo, pela manhã, todos os sonhos.
Quanta baboseira, Senhor. O Senhor me perdoa, não é?...

Deixemos claro: a luz noturna me ama de mais!
E, se isso não esplica tudo, nada mais esplica.
Pois, então, sintam a reciprocidade dos versos.
Cantem as amendoeiras da cidade velocíssima.
Julguem o oceano atlântico cheio de cocô.
Amo todos voçês, miseráveis, doutores, acéfalos.
porque o mundo, o mundo é legal. Muito légal!
Assim como vida: ela é bela de mais, nesse planetinha.
Conjuguem, então, gente, essa infinidade de verbos...

Preciso de um favor: digam-me quando acabar;
prometo-lhes uma ininterrupção terrível.
Claro, se ela for possível aqui nesse "nosso" universso.
Mas eu não direi nada. ok? Não sei, não posso, nem mereço.
Contudo, porem, deixarei meu endereço para que
me encontrem, quem sabe?, algum dia, no infinito.
Então todos receberão, tambem, um abraço gigantesco, que,
assim como um espelho mágico, é bastante afetuoso.
Isso, claro, vejam bem, se não me amputarem os membros...
Pois, se assim proceder, deixarei, mesmo, é carinho.
Muito. Muito carinho. carinho, audição, e fé!

21 de mai. de 2010

Sem título, vai

Cansei de lógica estúpida
comum, cereja e vodka
açâo profunda e típica
comove à um todo óbvio
sã. provocaçao contínua
promove amor cintético
promove amor pedinte
promove amor calado
É trágico, livre, solitário
completamente avulso
e praticamente alto
sem valor simbólico,
pelo visto, vulnerável
patético público
crucial ao indispensável
infelismente sóbrio...

16 de mar. de 2010

NADA


Hoje a preguiça me pegou desprevenido, atacou com tanta vontade que eu cheguei a pensar que era... Cheguei a pensar, apenas. Que coisa boa. O tempo hoje deu uma melhorada. O vento mudou. E mudou pra melhor. Um dia normal. O lugar do trabalho é no bar ou o bar do trabalho é onde ninguém trabalha mais? Ou só eu? Talvez mais três pessoas. Ou até menos. Ou as celebridades instantâneas. Ou os caça-níqueis. Ou os cidadãos eleitos. E quem sabe os protagonistas. Enfim. Dá trabalho enobrecer o homem; testar, pessoa por pessoa. Que trabalho que da sentir-se assim: amando seriamente quase tudo; espreguiçando de ternura em vôo dentro de um ócio vivo. E ao fixar toda minha gentileza no trato do tédio eu fujo na sombra para jurar-me e lançar-me ao mundo de um papel escrito e decifrado cujo trabalho é bar no lugar certo, longe e limpo, dando ordem aos folgados, aos reféns e a própria sorte, basicamente. A remuneração do meu despeito vem sorrindo para o tempo. Logo ao tempo, que é o mais velho e vagabundo de todos, e todos os contratos absurdos assinados pelo amor foram postos no prego que sob tortura entregou seu amplo segredo afundado num caos foragido e resignado. Hoje não penso mais. Hoje sou mais um útil querendo ser mais, querendo ficar rouco, pedindo pra ser triste, com toda a arrogância resignada, e de espírito seco e estreito, trabalhando duro por dinheiro. Somente por dinheiro.

9 de mar. de 2010

Musiquinha

De tudo que eu não pude perguntar
que o que pesa é a alegria?
a verdade ou o amor?
Que o céu nunca soube perguntar pra mim
O que é um mundo tão grande quando o não me diz sim
Pra mim sobrou a magia a saudade e a flor...

Mande me tudo que é
Apronte se, eu vou te buscar
Eu, numa paz tão depressa
Noutra certa fé;
na particularidade
na parte que me cabe
e na mulher amada

5 de mar. de 2010

DISTANTE POESIA




O tempo espera e o dia fica azul...
A luz excede e o amar complica.
E me expõem ao ridículo.

A verdade ascende a paz do medo
Medo que entende as mulheres que choram,
Que choram beliscando o pé de Deus
com sua metralhadora eterna em punho.

É choro carinhoso. Ta?
É espera, é espera
É mentira. É gozo
É serio! Porque não?
Ainda que sob a salva de tiro divino...

A saudade, então, se disfarça.
Fica quieto, assim, o coração.
Vira vinho, o mel.

Diz-que-não não é remédio, não.
Sob o olhar que lhe passou
Passará a última opinião,
E cuspirá na dissimulação pragmática.
Pois, diz-que-não não é remédio.
Talvez seja mel
E vinho também...

Estão prestando atenção?

E o tempo se cansa, pra variar um pouco...

O vasto anoitecer se reencontra.
Sai pelado por aí pra castigar o firmamento
No amor que sobra; que sobrou. E jura. E pira
Na frescura habitual do dia-dia do passado.
Passado este que passou a questionar minhas reticências...

A voz obscura se perde,
Quase que totalmente.
Quase que de joelhos.

Essa é a tal voz da experiência,
Da infalível idoneidade,
Da felicidade eloqüente.

O adeus agita.
Agita e vence.
Cuidado!