25 de mai. de 2009

ERA DE SE ESPERAR


Era para ser um, num
Universo emocional
Girando bocas, dentes
Senhas, passos e virtude
Ao mirar no peito
Acerta, claro, em cheio
Órgão sentimental
Sensação de beatitude
Superior a liberdade
Deve-se chorar!
Amor é fundamental

Um vira dois.
É assim
Tudo se transforma
O sou vira quem
O sim vê o alem
E não se incomoda
Jamais
Com a fuga da rima.

23 de mai. de 2009

Carta que não escrevi

Uma cartinha enfeitada com termos doces para adjetivar o incompreensível. Pauta dupla pra suportar o indizível. Cheia de atenção para com o mundo por de traz dos conflitos; hora pessoais, hora universais. A extrema e terna espontaneidade contida nela, revela-se no meu português ruim. E percebe-se na lentidão de um versinho bem-humorado, daqueles mais simples, todo o carinho nela descarregado. Tão claro e tão óbvio que ficou mais nítido que as queimaduras do meu cigarro em repouso no papel. Quanta interrupção meu Deus. Por causa disso me esqueci de contar sobre um samba novo que eu aprendi e que to doido pra mostrar. Sem problema... Ah, como eu queria usar pontuações que representasse pausas para um gole e outro, por exemplo. Goles que, aliais, justificam, um pouco, minhas falhas gramaticais. Sei que sou um remetente sincero e até presente (depende do ponto de vista) como todos deveriam ser, eu acho. Porem, torno-me um covarde ao me expor somente nas entrelinhas. Eu me peguei, varias vezes, desenhando no cantinho inferior direito. Fiz sorrisos (querendo uma boca), uns olhos, um sol e um violão. De modo que lá no final dessa carta –que era branca e agora ta cinza, fria- as palavras foram se estreitando, se estreitando, e mais, e mais ainda, mais, muito alem do que o de costume, para dar espaço a essas figuras do meu subconsciente. Ah, me apeguei a elas. E pensei que pudessem dar um ar amistoso, até, esses esboços simplórios e undergrounds. Apenas pensei. De qualquer forma, eu os mantive. E ali, em meio a esse caos de letrinhas e rasuras e gravuras, eu revelei, e agora com clareza, a minha mágoa escondida. Escapou-me alguns palavrõezinhos. Achei-os bastante engraçadinhos (sempre no diminutivo), e também românticos. Romantiquinhos. Se é que é possível. Sendo assim, resolvi deixá-los também. Eu seria compreendido. “É pra haver rima” - eu explicaria depois - “Creio que veio a calhar”. No entanto, já não se entendia nada, tamanha displicência caligráfica. (Minha desordem é amorosa, não confundam com desdém). bem, tem uma ou duas coisas que não mencionei. E não farei, por pudor e diciplina. Mas, que me deu vontade...ah, isso deu. Então, assim, um enorme te amo encerra tradicionalmente o assunto. Ou encerraria... Ainda não sei por que não a escrevi. Sei que alguém não a recebeu. Não se confortou. Não se sentiu especial. Não. Não soube da minha imensa saudade. Nem vislumbrou meu semblante sereno no momento em que eu rabiscava lentamente, e em letras de forma, o seu nome no cabeçalho. E nem sentiu a tristeza com que meu lápis acariciou sua inicial gigantesca. Nunca darei os beijos que espalhei por essas frases. E agora meus gracejos hão de ter outro destino. Outra funçao.

22 de mai. de 2009

DO CAPRICHO

Ocupa-se o vazio, rapidamente. Tudo com muita naturalidade. No ar superior da humildade. Rostos e gestos se interagem numa atmosfera soberana de cores plenas, aqui. Às vezes sem medo, até. Tudo é propício neste solo. As piadas são individuais e o salário é fértil. A boa nova vem decidida a estragar o fim da festa. Um imenso campo onde a bola gira mais que todo o mundo. Pátria amada que detesta a solidão e bebe mais que eu. Mãe gentil que dorme cedo e com a porta aberta. Sem medo da guerra oculta. Esse é o Brasil dos vários. Da mulher passando. Esse é o Brasil dos ventos. Do soco na parede. Do fim da semana. Do sonho evasivo. Do gol de ouro. Do pênalti mal cobrado e do beijo perdido, e roubado. Da natureza aflita. Do pescoço virado. Da mulher retornando. Do tórax suado. Da ducha seca. Da miragem. Da oferta. Fiel a tentação e cordial com a noite. Solidário para com a morte à beira do precipício.

17 de mai. de 2009

A SINCERIDADE


Mesmo que eu tropece em injúrias rubricadas
com almofadas galopantes e foices enjauladas
por tropas instigantes freqüentemente desvairadas,
e fizesse um certo tipo que fizesse de suas tripas,
todas elas, torrentes de poesias temperadas ou
corrente de orações estrategicamente tensas,
mesmo que pela noite os dias e as areias
se enfrentem numa série de banquetes cintilantes
no mormaço obscuro encharcado de torpedos
suplentes de uma guerra comovida e solitária
adentrando a história dita mágica e surpresa
-e também tola, e também alta-
de gesto evasivo e temperamento abstrato
perturbada pela gravidade do vazamento adjacente
peculiar entre as piadas finas e empoeiradas e tímidas
entre as pias fortes na falta de água imunda
perante metais cardíacos, límpidos, transparentes,
promovidos a nobres infantes corrosivos do amor,
mesmo que eu durma no exato momento
onde queimam-se velhos trópicos musicais,
escalados para o grande e derradeiro golpe
no truque irrelevante do mistério retroativo
carregado de emoções e lembranças
púrpuras e virtuais a primeira vista
-tão belas. Tão perigosamente belas... -
e que nesse mistério se degradem meus sonhos
aclamados pelo tempo no auge da madrugada,
mesmo que eu me empolgue e cesse a cantoria,
ou mesmo que eu disperse na amplitude do infinito
meu pêndulo seguirá sua intuição mesmo assim.
E beijará sabiamente as frutas pelo inverno próspero,
ainda que inconformado ante a indiferença alheia
na despedida do amor talhado a mão no caos divino.
Do contrário não há sequer perguntas a pedir,
nem flores a jurar, nem jatos a seguir,
nem adornos, nem erupções mecânicas;
só há a hipótese, o cigarro, o rigor, as mulheres;
trajes da vida na redenção total dos fatos.

14 de mai. de 2009


Poema particular


Bem forte
parto em dois
o resto do
total de custo
que ponho a mão.

Mão mal agradecida,
espalmada,
feita de aço puro,
sem não latente,
só, burra, cega.
Mão mimada,

calejada de esperança.
Mão da noite encharcada.
Mão da tarde assassinada.
Mão boba, desenhista.
Rebelde, sempre que pode,
até onde a vista alcança.

Mão de bicho,
bicho humano.

È uma artista nata.
Pinta n’água todo a ocasião...

Oh mão que jura
em verso e prosa
que o sol maior
é o mundo novo
sozinho em casa.
Mão que para,
e que despista
furtando a noite
dos dias do ano
em cada investida
e descida de palco,
diferente da vida
de saída pro “rock”,
num final dramático
de um sexo quântico.

1 de mai. de 2009

beira mar

Viajantes, loucos por ocasiões, desembarcaram em cima de cotocos de velas quentes que lumiavam, fina e docemente, as ilusões robustas e pretensiosas que se transformaram, entre socos e alicates maduros, na mais linda espera da saudade. Fez-se o mergulho rasgado dentro da própria alegria da vida, de modo que a implacável imaginação do deserto se definhou e o amor se encheu de coragem tornando-me livre pra não mais voltar sozinho.
A caminhada ruma a distancia, rústica e pálida, é quase sempre bela, pois eu vejo em sua sumula toda beleza e amizade fornecida pelo alem mar, pelo alem dor. Mais das metades de todos os muitos pecados, em tao poucos anos vividos, tingiu de azul a fosforescência do átomo primordial quando eu disse sim perante a surpresa da volta adiada pelo vendo sul e seu álito de palma acelerada e constante, a cada defeito de um beijo cuja temperatura é imortal como as cartas do meu sossego perante um carinho futuro.
Que viajem é essa dentro de meu sorriso que circunda nossa sorte diária malvada e transparente, a fim de catar do horizonte toda distinção e inquietude eternas, lembradas pelo meu ponto de interrogação? Em horário nobre e valente, em face da ausência perdida, revela-se mágica diante da caricatura da vida, da carne, do amor ou de Deus.
A mais extensa miragem fez da paz, encarcerada em minha aptidão, a bolha ilustre do mar de maratas que sempre agradece por ter tido a benção de ser domado pala mais franca das poesias transversais de um universo que, de agora em diante, pertence somente ao zelo das chuvas, das gaitas românticas pairadas sobre o sofá suspenso em meio aos sonhos datilografados e assinados por um grupo hermeticamente lindo por natureza, e que não se importa com a resposta aflita da desilusão astuta da estrutura harmônica de um samba ou outro que eu embalei num gesto de respeito para com a densa claridade da flor mais bela dum jardim em guerra e sua complexidade instantânea.
Como se fosse a mais clamorosa das verdades, a minha perpétua preguiça louva os sonos dos bêbados do céu e se prepara para sair correndo, a qualquer momento, em outra viajem que desmistificará de uma vez por todas, e por ordem alfabética, o principio da solução final, agradecendo conselhos desfalecidos entre quatro paredes indecisas e inconscientemente mudas ante o maior estrondo dentre todos os corações humanos e seu ventre secular e negador. Negador de dor.
E a programação esta feita. A brusca queda na aceleração se deve ao fato de eu não saber dizer o quanto é imensurável o valor de uma memória presente no ponto de partida e, também, por eu não poder amar menos que o sol: talvez fosse útil sua autonomia ou temperamento, mas sua compaixão é imprescindível, assim como sua energia e displicência. Com tais poderes eu me multiplico dentro de um cartão postal. Digo que o porto é, para a viagem, dono do meu coração engolidor de galáxias, e tambem sem fim. Enfim; passo a passo, durante todo esse caminho- processo daninho- reterei o amor, presente nas curvas acentuadas, dentro de mim. Desse jeito lembro-me do principio, homenageio quem me tornou feliz assim, e cáio de cabeça no desejo de ser da paz mais uma vez, com calma e frequência, navegando, de novo, com um ponto de partida inicial; fundamentalmente meu, só meu, até que não exista mais nada.